segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

HOJE SOU LIVRE



Era fácil dizer-me o que fazer, apesar de corajosa e independente, vencia-me pelo afago, palavras de carinho proferidas, nem precisavam ser muito intensas, entregava-me. A carência de si nos deixa conduzir e, certamente, antes não imaginava que pudesse ser controlada por minha sensibilidade. Mulher nenhuma, quando entregue ao amor, tem essa noção, bastam-lhe flores, declarações clichés e o desejo. Ah o desejo! Esse é o que nos domina! Perdemos a noção, o raciocínio e acreditamos mesmo que podemos viver no nada e do nada se amamos. Uma entrega absoluta, sem endereço para que o remetente receba nem mesmo um pequeno telegrama. Doa-se tudo, tempo, vida, mocidade... alegria! Oferecemos nossa alma e ainda pensamos absorver a alma do outro, achamos (e quem acha não tem certeza) que conhecemos profundamente o ser amado. Sim, ser amado, aquele em que depositamos nossas esperanças e sonhos, aquele que nos jura amor eterno e fidelidade. Não que a fidelidade nos seja essencial, há traições maiores que simplesmente se envolver fisicamente com outra pessoa. Qualquer um se sentiria traído se depois de um tempo, de frente a um espelho, constatasse que perdera-se para outro e não perderá o outro para alguém. Essa perda de si é bem mais dolorosa e cruel, sabotamos nossos sonhos mais ternos em nome de um único ser que, mesmo inconsciente, só nos absorveu por necessidade.

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