sábado, 29 de janeiro de 2011

DIGO-TE AMOR

Não poderia Ser
sem os girassóis que me falam ao entardecer
Não poderia Ver
sem a clareza da água do riacho
Não poderia Ouvir
sem o chilreio alegre do pintassilgo no telhado

Como poderia Amar-te, sem o toque feliz
Do silêncio?

Digo-te ainda que no relógio da torre
O tempo adormeceu cansado
Repousado em mantras delicados
Que em horas vivas
Madrugavam nas bocas

Agora, Amor, procura-me
No abraço forte do vento à árvore
Encontra-me
Na dureza da pedra
Evitada
E dúvida do embaraço da alfazema
Que te fala dos meus passos

Agora, Amor
Fico nesta cama de mar
onde a maciez é azul
e repouso na obra-prima
do cardo que desconhece Picasso.

Deixo que a poeira esconda o coração da rosa
E guardo a rosa no coração
Guarda-me a mim.

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